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Mostrando postagens de abril, 2020

Cajuína de Xapuri

Existem bebidas 'excêntricas' apreciadas pelos xapurienses tais como os licores de jatobá, mutamba, cupuaçu e caju. Essas bebidas eram, no passado, as preferidas dos patrões e dos comerciantes antes ou após suas refeições. Uma das bebidas apreciadas – muito procurada por visitantes de diversos lugares do mundo – é a cajuína. Moradores antigos como a saudosa D. Maria Cosson e D. Carmem Veloso aprenderam a fazer tanto os licores como a cajuína. Mas como era produzida a apreciada cajuína? Quem dá a receita é D. Maria Cosson: "... Primeiramente selecionávamos os cajus, depois despejávamos em um tacho, tirava as castanhas e cortava-lhes o fundo. Moendo-os em um moinho. Utilizávamos somente o caldo do caju, sem nenhum resquício de água. Fazia-se um fogo no quintal, onde se colocava um tacho, contendo cola em barra, quando ela se desmanchava talhava o caldo. Depois tirávamos do fogo, adoçava-se a gosto, partindo para o processo de filtração, usando sacos que vinham com a

Damas do prazer

Xapuri, a Princesinha do Acre, destacava-se pela numerosa presença feminina, trazida pela população de seringalistas que era a maior da região. Isso lhes dava o desfrute dos prazeres, atribuindo uma verdadeira corte de alegria, a corte da Princesinha. Não havia só as damas do prazer. As senhoras já instaladas na cidade ou nos seringais, que vieram com seus maridos, imprimiam a austeridade da conduta diurna. As “damas do prazer” tinham livre trânsito pelas ruas a partir das 21h. Nas manhãs ou tardes, podiam circular, apenas com permissão carimbada do agente policial ainda com referência de seu percurso, era o código de honra. Essas damas, “mariposas”, polacas, francesas e espanholas, serviam mais aos marujos, visitantes que vinham com novidades e dinheiro, pois muitas vezes os nativos, os já estabelecidos, mesmo que comercialmente, encontravam-se exauridos de condições materiais que lhes bancasse a orgia. Elas usavam figurinos da moda francesa, longos e apertados. Salientando as nádeg

Paisagens do Íntimo

Ao caminhar por Xapuri – para aqueles que tem um olhar mais apurado – encontram nas paisagens costumeiras significados únicos que trazem lembranças particulares, íntimas, que entram em contato direto com os sentimentos mais profundos, caracterizando a identidade do local mágico que é a Princesinha do Acre, aproximando o entendimento de patrimônio imaterial desse lugar. Tais percepções são tão importantes que resolvemos registrar uma, em especial, aqui no espaço virtual de Xapuri. O relato que se segue é um trabalho do Curso de Licenciatura em Artes Visuais do Programa Universidade Aberta do Brasil da Universidade de Brasília (UnB), requisito da disciplina de Laboratório de Poéticas Contemporâneas. Paisagens do Íntimo Por Márcia Regiane N. Pereira Para realizar a atividade da semana ( Paisagens do Íntimo ), fiz minha caminhada ao entardecer. Tudo que era interessante foi documentado através de imagens e no retorno escolhidas para a conclusão da atividade proposta.

Empate

A cidade de Xapuri, foi respeitada por ter surgido em uma região considerada grande produtora de castanha e borracha. Está assentada em terras cobertas por uma imensa floresta onde existiam vários seringais nativos de grande produção. Da época de 30 à meados dos anos 60, Xapuri era grande exportadora de borracha, castanha e pele de animais silvestres. Essa produção era realizada por seringueiros, homens que vivem embrenhados nas matas. Eles passavam praticamente todo o ano produzindo as pelas e coletando castanhas na época da safra para vender aos patrões. Assim, os seringueiros conseguiam sobreviver em suas Colocações. Alguns tiravam saldo "gordo" que vinham gastar na cidade, comprando roupas e outros acessórios para toda a família, e utensílios de casa, como também participavam dos forrós dançando noite a dentro. Época esta em que Xapuri recebeu o nome de "Princesinha do Acre", levando este nome em virtude do progresso que reinava nesta terra durante o ciclo d

IFAC Xapuri doa 340 litros de sabão líquido para instituições públicas

Produto foi fabricado nos laboratórios da unidade do Ifac no município; a produção continua sendo realizada por docentes e técnicos O Instituto Federal do Acre (IFAC), através do campus Xapuri, já realizou a doação de 340 litros de sabão líquido para instituições públicas do município. O produto, que está sendo fabricado nos laboratórios da unidade, faz parte das ações desenvolvidas pelo IFAC para o combate e controle da contaminação pelo Novo Coronavírus (COVID-19). As doações, conforme explica o diretor do campus Xapuri, Joel Bezerra Lima, foram entregues, entre os dias 13 e 14 de abril, para o Hospital Epaminondas Jácome, as Secretarias Municipais de Saúde e Cidadania, Trabalho e Bem Estar Social, como também ao Lar dos Idosos “São João do Guarani”, Unidade Básica de Saúde “Tia Vicência” e o Centro de Saúde “Dr. Félix Bestene Neto”. Conforme destaca Joel Bezerra Lima, o projeto do sabão líquido, desenvolvido no campus Xapuri, tem o objetivo de incentivar a utilizaç

Lances da Vida

Certa vez, perguntei para Ramesh, um de meus mestres na Índia: - Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas num copo de água? Ele simplesmente sorriu e me contou uma história. … “Era um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo lhe falou para ir ao céu, um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o Paraíso. Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas mesmo assim ele foi até lá. Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de qualidade total. A recepção não funcionava muito bem, a moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, lhe orientou para ir ao Inferno. E, no Inferno, ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar. O sujeito entrou e foi ficando… Alguns dias depois, Lúcifer chega furioso às portas do Paraíso

Idosos: Patrimônio Amazônico

É preciso valorizar quem muito fez pela história dos lugares. Esse é o pensamento que povoa a mente de muitos historiadores e profissionais que trabalham com o patrimônio imaterial inerente a tudo que pode ser transformado – ou apurado – em verdadeiros tesouros de valor inestimável. Patrimônio imaterial é tudo aquilo que não é palpável mas é carregado de elementos que trazem consigo valores imensuráveis que caracterizam um lugar, um povo, particularizando-os e lhes dando posse. Em Xapuri, muitos senhores e senhoras trazem no rosto as marcas de um passado cheio de lutas, trabalho e muitas dificuldades enfrentadas após escolher o Acre como roteiro de vida – ou escapatória de situações complicadas e sofridas que, diferentemente do que era alardeado em épocas passadas, apenas piorou ao se chegar nas terras da Amazônia. Certamente é possível perceber que aqui fala-se daqueles que vieram de diferentes estados – principalmente do Nordeste – trabalhar como soldados da borracha. Não enco

As superstições de minha avó

Minha avó sempre tinha uma superstição para tudo. Não importava se você acreditava ou não, sempre vinha ela com uma resposta para algo inusitado que ocorresse com seu corpo, principalmente. “-Coceira na mão? É dinheiro que virá em breve.” – Dizia ela. “-Olho ‘tremelicando’? Se for o direito é alegria. Mas se for o esquerdo, ihhhh, é raiva na certa.” Eu ficava sempre de orelha em pé e me divertia com as coisas fantásticas que, segundo a tradição popular expressa pela senhora, mãe da minha mãe, podiam prever um futuro que, pelo visto, estava sempre muito próximo. Outras coisas mais como topada em uma pedra, na rua, pode significar que alguém está querendo ‘roubar’ a pessoa amada; dor nas articulações bem que podia ser reumatismo, mas se não for frequente é sinal de que o tempo irá mudar – “ou chuva, ou friagem”. Esses dias fiquei recordando da minha avó, já falecida, com muita saudade e lembrando das coisas supersticiosas que me dizia... Também pudera. Em um só dia aconteceu um

Mulheres: O contraste dos períodos áureos da Princesinha

Os períodos áureos da Princesinha do Acre, em pleno auge da borracha, que durou até a segunda metade do Século XX, fizeram o município ter características específicas, mescladas com as influências vindas dos nordestinos, em sua parte intitulados ‘Soldados da Borracha’, além de sírios e libaneses – entre muitos outros – fez do lugar um palco de personagens da vida real que refletiam bem a sua época. As mulheres representavam um capítulo à parte nas particularidades que Xapuri apresentava: Enquanto os seringais ofertavam a solidão da mata, levando a mulheres a necessidade de ajudar a família em diversas atividades laborais, vestindo roupas simples – por vezes confeccionadas por elas mesmo – as que vivam em seu entorno, isto é, na área urbana, se apresentavam em diversas oportunidades sociais, políticas e culturais com requinte e esmero. As moradoras da floresta tinham que adaptar sua vivência a uma simplicidade exigida pela dureza das matas, e iam adaptando sua vida – em gr

O Jacuruxi

O jacuruxi é um tipo de calango muito parecido com o jacuraru, só que é um pouco maior e chega a medir uns 70 centímetros. Seu rabo é mais parecido como do jacaré. Mora em cima das moitas das beiras do rio, durante o tempo do inverno. Se alimenta de insetos como moscas, borboletas, etc. Quando o nível das águas pega a baixar, se enfia nos igapós e quando se encontra com pouca água fica muito enfezado. A partir desse momento se torna venenoso e se chegar a morder qualquer vivente, este vai morrer. No tempo em que se vendia couros, seu couro também era preferido pelos compradores. O tempo especial para ele é o tempo do inverno, quando gosta de cantar muito. Seu canto é muito penoso porque se repete muitas e muitas vezes, de um jeito só. A partir do cair da noite só se ouve o CRÊÊT, CRÊÊT, CRÊÊT, CRÊÊT, CRÊÊT... é o som do jacuruxi atrepado nas moitas! Ao ouvirem este som, quanto mais ele for animado, os moradores do lugar já sabem que o rio está enchendo ou vai encher.

O poeta da roça

Patativa do Assaré Sou fio das mata, cantô da mão grosa Trabaio na roça, de inverno e de estio A minha chupana é tapada de barro Só fumo cigarro de paia de mio. Sou poeta das brenha, não faço o papé De argum menestrê, ou errante cantô Que veve vagando, com sua viola, Cantando, pachola, à percura de amô. Não tenho sabença, pois nunca estudei, Apenas eu seio o meu nome assiná. Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre, E o fio do pobre não pode estudá. Meu verso rastero, singelo e sem graça, Não entra na praça, no rico salão, Meu verso só entra no campo da roça e dos eito E às vezes, recordando feliz mocidade, Canto uma sodade que mora em meu peito. Imagem proveniente do blog Aquele Poema .