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Mostrando postagens de março, 2020

Fonte do Bosque

Em junho de 1915 foi entregue a servidão pública o manancial do Bosque que fornecia água para à população da cidade do Xapury, com melhoramentos adaptados pela Intendência Municipal. A antiga fonte, que fornecia água foi transformada em um tanque de alvenaria com 3m de comprimento por 2m de largura, acumulando em 12 horas 7.200L de água que era retirada por meio de uma torneira. A Fonte do Bosque é também considerada um dos locais mais importantes para os xapurienses. Dela era extraída água que matava a sede dos transeuntes e também dos moradores da cidade. Servia também para lavar roupa das famílias do lugar. Existiam duas pessoas que sobreviviam da água que eles vendiam da fonte – Chico Ferraz e Manoel “Bundinha” - que transportavam em um jumentinho, em galões. Esses vendedores viviam do comércio de água e abasteciam os lares das famílias que tinham condições financeiras para arcar com o consumo do líquido cristalino. Era chique beber e lavar com água da Fonte do Bosque.

Comidas: Cardápio do Restaurante Venturelli – em 1916

O Brasil é dotado de uma gama de sabores vindos de todo o mundo, uma espécie de mistura, um ecletismo da arte de degustar. E esse sentido não é limitado a uma região ou outra. Obviamente, cada uma tem suas características próprias. A região Norte, por sua construção histórica é parte dessa nação que possui diversas comidas típicas, dentre elas o Acre, especialmente o município de Xapuri, onde se encontram essas diferenças de sabores bem variados, seja nos doces ou nas comidas salgadas, com influências árabes, sírias, libanesas, italianas, francesas e portuguesas. E um dos mais famosos restaurantes da década de 1910 era o Venturelli que servia as mais chiques e requintadas comidas que se tem notícia na história da Princesinha. Isso pode ser conferido logo abaixo, no cardápio do restaurante Venturelli, publicado no Jornal Commercio do Acre em 3 de dezembro de 1916: (“)MENU PARA O ALMOÇO Raviolli Peixe a mayonaise Frango Douret Tornedó a franceza Leitão assado Filet a minut

O Cotidiano da Princesinha

A conversa sem pressa nas varandas das casas, a cidade vazia nas horas quentes do dia, a negociação longa e detalhada entre os comerciantes e seus fregueses são traços marcantes do atual cotidiano da cidade e de seus moradores. Nas primeiras décadas do século XX a Cidade do Xapury queria ser uma cidade modelo e para tanto iniciou um amplo serviço de arborização com mangueiras, acácias e pinheiros. Obras urbanas e construções diversas eram erguidas para melhorar a qualidade de vida e orientar a espiritualidade de seus moradores, como o Cacimbão do Bosque e a Igreja de São Sebastião. A partir daí coube aos fiéis realizar leilões, arraiais, missas cantadas e procissões, seguindo sempre o calendário litúrgico, com ênfase nas novenas do santo padroeiro da cidade, São Sebastião, de Nossa Senhora e de São Francisco. Entre 1915 e 1916 a melhor comida era servida no Restaurante Venturelli, ou nos restaurantes "A Brazileira" e "Central" que serviam além de pratos brasil

O São João do Guarani

As promessas são feitas com muita fé e pagas a cada ano por um número crescente de pessoas no seringal que leva o nome de Guarani. Diferem do modo como eram "pagas" antes, pois agora com a facilidade do transporte devido às melhorias feitas no percurso do local, já é possível seguir de carro ou moto - quando não se tem uma bicicleta ou um cavalo. O percurso feito de modo doloroso e enfadante, de cerca de 12 horas de "cachorro no grito" agora é uma opção cada vez menor entre os devotos - que modificam a forma de agradecer à graça recebida mas não subtraem a quantidade de sua fé. São João ainda reúne centenas de pessoas em seu dia - mesmo dia que São João bíblico - no local chamado Guarani, que assistem a missa na capela dedicada a ele. No local também se encontra um reservatório menor, uma pequena casa onde são depositadas partes do corpo entalhadas em madeira, mechas de cabelo, fotos, roupas e mais uma infinidade de coisas que fazem parte do pagamento das prome

Os Regatões

Uma das figuras famosas ao se falar na vida dos seringais da Amazônia eram os regatões. Provenientes do oriente próximo chegaram a fluxo intenso ao Brasil, entre 1870 e 1913. Hábeis vendedores, eles se dedicaram ao comércio ambulante em várias regiões do País, especialmente na Amazônia, ficando conhecidos como regatões, ou seja, ambulantes que vendiam de tudo nos “barrancos dos rios”, através de embarcações entulhadas de mercadorias. O motivo de atração destes homens para a Amazônia foi, sem sombra de dúvidas, a riqueza propiciada pela atividade gumífera nesses distantes locais. Os regatões perambulavam pelos rios e varadouros cumprindo aquela máxima de que quem não estivesse pelado era freguês. Ameaçavam, assim, o poderio dos seringalistas. Por isso, os regatões eram mal vistos pela elite da sociedade extrativista, e sofriam com a marginalização e os preconceitos daí decorrentes. Externo ao seringal, mas nunca distante dele, o regatão era um verdadeiro transgressor às ordens

Arte na Ruína leva espetáculo a Bibliotecas do Acre, promovendo cultura e intercâmbio

A companhia Arte na Ruína, sediada em Xapuri, Acre, está celebrando a aprovação de um projeto em 2019 pelo Fundo Estadual de Cultura do Acre. Esta conquista proporcionou à companhia a oportunidade única de realizar um intercâmbio de apresentações fora de sua cidade natal. O espetáculo escolhido, intitulado " O ensaio surreal do grito sufocado (versão para fora do prédio da ruína)", será levado a três bibliotecas em dois municípios acreanos: Epitaciolândia e Rio Branco. Cenários não convencionais para apresentações A Arte na Ruína tem uma história de apresentações em locais não convencionais, como uma delegacia velha e abandonada, onde a intervenção artística sob as estrelas se transformou em um documentário. Agora, eles escolheram três bibliotecas, mas não foram espaços escolhidos aleatoriamente. A escolha estratégica visa proporcionar experiências únicas e promover a cultura em lugares fora do circuito cultural tradicional. As bibliotecas escolhidas Biblioteca Paxiúba em Ri

Fogão a lenha

Nada mais delicioso que comer uma comida preparada no fogão a lenha, feitas preferencialmente pelas senhoras que moram nos seringais de Xapuri – ou mergulhar no tempo para ter tal oportunidade. “A comida ganha mais sabor”, dizem os mais velhos ao experimentar os pratos produzidos no fogão comum, a gás, da zona urbana de qualquer município. O ‘gosto especial’ parece ser o “amor”, como nos conhecidos comerciais da televisão, ou o cuidado com que fazem, os ingredientes comuns, porém plantados no mato, dão o toque especial à refeição. Parece mentira, mas a sensação que se tem é que o feijão ou o arroz ganham uma dose extra de sabor, convidando para o pecado capital da gula. Os fogões a lenha eram feitos de barro, artesanalmente, pelos seringueiros, tendo como combustível a lenha reaproveitada de troncos de árvores que não iam ter outro fim senão a decomposição natural. O fogo era feito com ‘sernambi’ - que eram os restos da borracha defumada - utilizado com grande proveito, num verdadei

O jacamim

O jacamim mora na floresta, costuma andar de bando com 10 a 15. É uma ave interessante, de cor branca com preto, tem o pescoço comprido, as pernas finas e grandes. Durante o dia anda no chão, porém à noite ele voa para uma árvore alta para dormir, pois assim se sente mais protegido. Ele gosta de esturrar de dia e à noite quando está na dormida. Corre muito na restinga e até no mato cerrado, como no esperaizal e no tabocal. Se alimenta de frutas de copaíba, guariúba, manitê, pama e itaúba; de insetos como formigas, aranhas e besouros, de embuá, minhocas da terra firme, mossorondongo e gongos. Além disso o jacamim ainda se alimenta de animais como a cobra, o sapo e o jabuti. A história do jacamim é quase idêntica à do queixada: por onde eles passam acabam com tudo o que tem pela frente. Apesar de ser um pássaro é muito perigoso para outros animais pequenos. Faz o ninho em paxiúba ou em pau ocado. Põe até 4 ou 5 ovos e sempre quem choca é o casal. Isso acontece no fim do verão. Qua

Bandeira de Xapuri

Em 20 e 21 de maio de1913, duas leis foram importantes para configurar e delimitar o município: a lei n 3 que determinava os limites do território e a lei n 5, que criava a bandeira e o escudo a serem usados pela Intendência Municipal. A bandeira é idealizada agregando um forte teor de apego à terra: “Art. 1 – Fica constituída uma bandeira de forma commum com as cores nacionaes, verde e amarello, dispostas em esquadrias separadas uma da outra por uma fachada diagonal azul turquesa, como no campo do globo do pavilhão pátrio, tendo a o centro o escudo ou brazão da intendência,O escudo de armas ou brazão da Intendência Municipal de Xapury, tem a forma dos escudos Libéricos, tendo ao centro sobre um campo verdejante a confluência dos rios Acre e Xapuri, tendo aquelle em sua margem esquerda logo abaixo da confluência, elevando-se gigantescamente uma seringueira, como na parte fronteira d'esta Cidade, e como representante do maior produto do município. Na parte inferior ou à margem di

Ritmo e dança da floresta

Os povos originários representam a nossa cultura e caracterizam a identidade do acreano. Foi com esse propósito que Marcelo Pereira criou o projeto Ritmo e Dança da Floresta e foi aprovado no edital Descentrarte, do Fundação Nacional de Arte (Funarte), representado o Estado Acreano na premiação nacional. O Objetivo do projeto é trabalhar a dança dos povos da floresta, com foco em dança mas voltada para os ritmos e movimentos dos índios. E contará com apresentações de dança e também oficinas com aulas de dança e movimento para a comunidade, baseada em uma pesquisa dentro dos ritmos da floresta, dos índios e transformando em movimento para direcionar à comunidade de escolas da rede municipal do município, valorizando a cultura local. Você pode conferir de perto o projeto na apresentação e oficina que estarão fazendo na Praça do Centro nos dias 9 e 10 de março. Não percam!

Rua do Comércio

--> Xapuri, em tempos saudosos, era uma cidade que tinha ricos comerciantes que vendiam suas mercadorias para a população urbana. Abasteciam também os seringais com suas mercadorias e traziam daquelas unidades grandes quantidades de borracha e outros produtos provenientes da floresta. As grandes casas comerciais de Xapuri como a Casa Galo, A Limitada, a Zaire e a Kalume costumavam fazer com frequência este tipo de transação comercial. Estas eram ligadas à comerciantes de prestígio, que faziam parte da elite local. Os produtos oriundos dos seringais xapurienses eram comercializados nas casas comerciais. Eram nesses lugares que se aviavam as mercadorias. Havia couros e peles. As peles de animais silvestres vindo ali pela beira do barranco. Ninguém roubava. Era na Rua do Comércio que era encontrado “de tudo”. O comércio de Xapuri era abundante, farto, e contava tanto com produtos nacionais como estrangeiros. Era possível achar em suas lojas comerciais os melhores tecidos tai

Mãe Recalcada

Choro, choro sem derramar lágrimas, pois estou sentindo a ausência do meus filhos. Parece que eles esqueceram de mim. Pari, pari sim, vários filhos; alguns, até mesmo, ilustres, mas estes me abandonaram. Os mais humildes, que permanecerem em meu seio, também não me afagam. Não sei o porquê... Velha não estou, disso tenho certeza; em relação a muitas, estou jovem. Alguns lembram de mim, em tempo de euforia. Procuram me arrumar às pressas, querendo me dar um brilho, que não brilha. Pintam meus lábios, mas não trocam minhas vestes desgastadas pelo tempo. Só fazem reparos aqui, acolá mas não chegam ao todo, parece até que vou entrar no bloco dos sujos. Tenho um nome, Como as outras mães, mas, também, tenho um apelido de que me envergonho, quando me chamam. Pois nunca fui, nem sou, e nem sei se um dia serei, depende de minhas próximas gestações. Talvez, se me chamassem de bruxa, ao invés de "princesa" me deixariam mais feliz, pois este é o meu semblante atualmente. (Esta mãe é X

A caça nos seringais

A caça é uma das atividades humanas mais antigas que se tem conhecimento, sendo a principal forma de alimentação para as populações tradicionais que moram no interior da floresta de Xapuri. É comum os seringueiros andarem armados durante seus afazeres, pois vez ou outra topam com alguma caça e já poupam o esforço da caçada futura, levando a carne para almoço ou janta. Aliás, é comum nas refeições de café da manhã, ser consumido a carne de caça, porque os seringueiros acordam muito cedo e passam muito tempo cortando seringa em suas estradas, que em média, tem cento e cinquenta madeiras. Para a caça são desenvolvidas algumas estratégias, em Xapuri as mais utilizadas são: as esperas, caça com cachorro e caça de rastejo. É pouco comum a utilização de armadilhas para captura de animais, porém a mais comum é a preparação da sevada, que é uma espécie de mistura de alimentos, colocado dentro do rio ou igarapé para pegar mais peixes. A espera sempre é montada perto das “comidas” dos ani