
“A comida ganha mais sabor”, dizem os mais velhos ao experimentar os pratos produzidos no fogão comum, a gás, da zona urbana de qualquer município. O ‘gosto especial’ parece ser o “amor”, como nos conhecidos comerciais da televisão, ou o cuidado com que fazem, os ingredientes comuns, porém plantados no mato, dão o toque especial à refeição.
Parece mentira, mas a sensação que se tem é que o feijão ou o arroz ganham uma dose extra de sabor, convidando para o pecado capital da gula.
Os fogões a lenha eram feitos de barro, artesanalmente, pelos seringueiros, tendo como combustível a lenha reaproveitada de troncos de árvores que não iam ter outro fim senão a decomposição natural. O fogo era feito com ‘sernambi’ - que eram os restos da borracha defumada - utilizado com grande proveito, num verdadeiro coletivo de funções.
Eles representavam, ainda, uma alternativa viável que toda família encontrava ao morar tão longe da cidade, possibilitando cozinhar as carnes, legumes e grãos com primazia – especialidade de toda dona-de-casa seringueira.
Hoje existem muitas formas de modificar a maneira de cozinhar dos antigos seringueiros, restando poucos fogões à lenha – embora existam restaurantes, Brasil a fora, que tem versões aprimoradas do objeto essencial de cozinha, mas os mais velhos insistem em afirmar que nada se compara a boa e apetitosa comida feita nos fogões dos antigos seringais.
Foto:
*Fogão a lenha – por Aneli Adriani
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