
O motivo de atração destes homens para a Amazônia foi, sem sombra de dúvidas, a riqueza propiciada pela atividade gumífera nesses distantes locais.
Os regatões perambulavam pelos rios e varadouros cumprindo aquela máxima de que quem não estivesse pelado era freguês. Ameaçavam, assim, o poderio dos seringalistas. Por isso, os regatões eram mal vistos pela elite da sociedade extrativista, e sofriam com a marginalização e os preconceitos daí decorrentes.
Externo ao seringal, mas nunca distante dele, o regatão era um verdadeiro transgressor às ordens oriundas do patrão-seringalista. Um verdadeiro mascate das águas que dependia da compra de seus produtos pelos seringueiros, por mais que estes não servissem para absolutamente nada. O convencimento era feito da seguinte forma: iniciavam suas transações com um gole de cachaça e, com ela, prosseguiam até confundir a mente do infeliz caboclo, sempre se deixando negociar.
Muitos seringueiros viam, na figura do regatão, uma ilusão de falta de dependência, porque acostumados a prejuízos, o regatão representava a tábua de salvação em sua situação de servo da gleba selvagem e do sistema que o envolvia, pois ao menos conseguia, com isso, satisfazer algumas necessidades e vaidades que lhe davam a ilusão de homem livre para realizar negócios com quem melhor lhe conviesse.
A repulsa ao patrão seringalista fazia com que muitos seringueiros desviassem as suas

Alguns destes “mascates das águas” tornaram-se comerciantes famosos e montaram casas comerciais nas vilas que se tornaram, posteriormente, cidades. Passaram a abastecer também os seringais com os mais variados produtos. Dito de outra forma, “aviaram” os seringais, fornecendo a estas unidades, mercadorias a crédito.
Em Xapuri, a vinda de sírios e libaneses se dava a partir de informações de que um ou outro parente residia na cidade. Desta feita, a procura pelo parente e, também pelo enriquecimento fácil, era meta daqueles que vinham de outros recantos. Alguns voltaram para a terra de origem, e outros, por sua vez, acabaram sendo abraçados pela formosa Princesinha do Acre.
Fotos:
*1 - Regatão, o mascate da Amazônia - final da década de 1960 - de Carlos Henrique Brek;
*2 - Ilustração 'Mascate da Amazônia' - autor desconhecido.
Comentários
Vale a pena ler.
Adoro.
valeu para o meu trabalho escolar de E. Amazonico. Agradeço por ter isso qui...
Bjão da Camila...