Uma das figuras famosas ao se falar na vida dos seringais da Amazônia eram os regatões. Provenientes do oriente próximo chegaram a fluxo intenso ao Brasil, entre 1870 e 1913. Hábeis vendedores, eles se dedicaram ao comércio ambulante em várias regiões do País, especialmente na Amazônia, ficando conhecidos como regatões, ou seja, ambulantes que vendiam de tudo nos “barrancos dos rios”, através de embarcações entulhadas de mercadorias.
A repulsa ao patrão seringalista fazia com que muitos seringueiros desviassem as suas mercadorias para as mãos dos regatões, que tiravam lucro desta situação. As transações eram feitas em forma de escambo, na qual a borracha era trocada por produtos.
O motivo de atração destes homens para a Amazônia foi, sem sombra de dúvidas, a riqueza propiciada pela atividade gumífera nesses distantes locais.
Os regatões perambulavam pelos rios e varadouros cumprindo aquela máxima de que quem não estivesse pelado era freguês. Ameaçavam, assim, o poderio dos seringalistas. Por isso, os regatões eram mal vistos pela elite da sociedade extrativista, e sofriam com a marginalização e os preconceitos daí decorrentes.
Externo ao seringal, mas nunca distante dele, o regatão era um verdadeiro transgressor às ordens oriundas do patrão-seringalista. Um verdadeiro mascate das águas que dependia da compra de seus produtos pelos seringueiros, por mais que estes não servissem para absolutamente nada. O convencimento era feito da seguinte forma: iniciavam suas transações com um gole de cachaça e, com ela, prosseguiam até confundir a mente do infeliz caboclo, sempre se deixando negociar.
Muitos seringueiros viam, na figura do regatão, uma ilusão de falta de dependência, porque acostumados a prejuízos, o regatão representava a tábua de salvação em sua situação de servo da gleba selvagem e do sistema que o envolvia, pois ao menos conseguia, com isso, satisfazer algumas necessidades e vaidades que lhe davam a ilusão de homem livre para realizar negócios com quem melhor lhe conviesse.
A repulsa ao patrão seringalista fazia com que muitos seringueiros desviassem as suas mercadorias para as mãos dos regatões, que tiravam lucro desta situação. As transações eram feitas em forma de escambo, na qual a borracha era trocada por produtos.
Alguns destes “mascates das águas” tornaram-se comerciantes famosos e montaram casas comerciais nas vilas que se tornaram, posteriormente, cidades. Passaram a abastecer também os seringais com os mais variados produtos. Dito de outra forma, “aviaram” os seringais, fornecendo a estas unidades, mercadorias a crédito.
Em Xapuri, a vinda de sírios e libaneses se dava a partir de informações de que um ou outro parente residia na cidade. Desta feita, a procura pelo parente e, também pelo enriquecimento fácil, era meta daqueles que vinham de outros recantos. Alguns voltaram para a terra de origem, e outros, por sua vez, acabaram sendo abraçados pela formosa Princesinha do Acre.
Fotos:
*1 - Regatão, o mascate da Amazônia - final da década de 1960 - de Carlos Henrique Brek;
*2 - Ilustração 'Mascate da Amazônia' - autor desconhecido.
Comentários
Vale a pena ler.
Adoro.
valeu para o meu trabalho escolar de E. Amazonico. Agradeço por ter isso qui...
Bjão da Camila...