A Igreja Católica em Xapuri tem suas raízes na devoção dos primeiros nordestinos que chegaram a esta região. Naquela época, as condições de vida eram extremamente precárias, e o sofrimento das pessoas aumentava a cada dia. A única esperança era buscar refúgio na proteção divina, e foi assim que a devoção a São Sebastião começou a florescer por estas terras.
Em janeiro de 1902, de acordo com relatos de nossos antepassados, um grupo de cerca de 100 pessoas se reuniu para homenagear São Sebastião, considerado o santo protetor contra flagelos, doenças, fome e guerra.
Até o ano de 1910, a assistência religiosa nesta região era fornecida pelo padre Francisco Leite Barbosa, que era pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré em Lábrea. Naquela época, essa área fazia parte da Diocese de Manaus, no Amazonas. No entanto, em 1910, durante uma visita pastoral, o bispo de Manaus notou a necessidade de criar quatro novas paróquias nesta região. Estas foram a Paróquia São Sebastião no Antimary, a Paróquia São Sebastião em Xapuri, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição no Seringal Empresa e a Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Sena Madureira.
Quando a Paróquia de São Sebastião de Xapuri foi criada, os padres responsáveis por ela foram Benedito de Araújo Lima (1910-1913) e Joaquin Franklin Gondim (1914-1916). Durante esses anos, enfrentaram-se desafios significativos na esfera religiosa.
Após a morte do padre Monsenhor Antonio Fernanes da Silva Távora em Sena Madureira, em 13 de setembro de 1916, e a transferência dos dois padres de Xapuri, a região que incluía Empresa, Xapuri, Sena Madureira e Antimary foi confiada aos cuidados de um único sacerdote, o padre italiano José Tito. Essa situação resultou em vários desafios, já que um único sacerdote não conseguia atender efetivamente uma área tão vasta.
Em 1921, após a criação da Prelazia do Acre e Purus, confiada à Ordem dos Servos de Maria, o padre Felipe Gallerani foi designado para liderar a Paróquia de Xapuri. Nesse mesmo ano, ele convidou as Irmãs Servas de Maria Reparadoras, que já estavam presentes em Sena Madureira, para estabelecerem uma comunidade religiosa também em Xapuri.
Isso fortaleceu a presença da Igreja e permitiu que as Servas de Maria trouxessem suas experiências de sua terra natal, iniciando vários movimentos religiosos que se espalharam por todo o Acre, incluindo a Paróquia São Sebastião de Xapuri, onde se juntaram aos já existentes, como a Pia União das Filhas de Maria, Congregação Mariana, Confraria Nossa Senhora das Dores, São Vicente de Paulo e Cruzada Eucarística.
O padre Felipe Gallerani liderou os trabalhos em Xapuri até 1937, voltando depois em 1942 e permanecendo até 1954. Durante os intervalos, o padre Fernando Marchioni atuou como pároco.
Em 1944, começaram os planos para a construção de uma nova igreja matriz. A primeira pedra do novo templo foi colocada durante a festa de São Sebastião em 1945, marcando os 25 anos da chegada dos Servos de Maria ao Acre. A nova matriz foi oficialmente inaugurada em 11 de janeiro de 1953, com uma bela celebração eucarística. Em 25 de julho de 1956, os sinos foram instalados na nova torre da igreja, e em 7 de maio de 1957, as estátuas de cimento de Santa Inês e São Sebastião, doadas pelo bispo Dom Júlio Matiolli, foram colocadas e ainda hoje adornam a igreja.
A história da Paróquia de São Sebastião de Xapuri continuou a se desenrolar, com diferentes padres deixando suas marcas. O padre José Carneiro de Lima, apaixonado pela natureza e pela mata, serviu na paróquia de Xapuri até 1979, quando foi transferido para Rio Branco. Em 1978, os padres Otávio Destro e Cláudio Avallone chegaram a Xapuri, e em 1980, o padre Luciano se juntou a eles.
Com a chegada desses novos vigários, a organização dos trabalhos na paróquia tomou novos rumos. Foram formados grupos de evangelização, seguindo a experiência das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Nas comunidades do interior, os padres continuaram a realizar as tradicionais desobrigas religiosas.
A igreja de São Sebastião em Xapuri é amplamente reconhecida como uma das mais belas da região, destacando-se não apenas por sua arquitetura singular, mas também por sua importância como um patrimônio histórico de valor inestimável. Este edifício sacro não apenas simboliza a devoção religiosa arraigada na comunidade xapuriense, mas também serve como testemunho vivo da rica história e cultura do povo acreano. Sua beleza e significado transcendentais fazem dela um local de grande relevância, mantendo-se como um ponto de referência querido e uma fonte de orgulho para os habitantes locais e para todos aqueles que visitam esta encantadora cidade.
*Imagem: Igreja de São Sebastião de Xapuri - Obra do artista plástico Ozeas Nobre.
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