O Primeiro Ciclo da Borracha no Acre, que abrangeu o período de 1880 a 1920, foi uma época de grande transformação e prosperidade na região amazônica. Um dos municípios que desempenhou um papel fundamental nesse ciclo foi Xapuri, situado no Estado do Acre. A história desse município está entrelaçada com a saga da borracha, que trouxe riqueza e desafios para a região.
Tudo começou em 1878, quando o colonizador João Gabriel Carvalho e Mello chegou à região que viria a se tornar o Território Federal do Acre em 1903. Ele se estabeleceu em Boca do Acre e deu início à produção de borracha. Esse pioneirismo foi seguido por outros seringalistas, dando início à formação dos seringais que se tornariam o coração da economia de Xapuri e de toda a região.
A década de 1910 marcou um momento de grande desafio para a produção de borracha no Acre, devido à ascensão da produção asiática, especialmente na Malásia. Em 1900, a Malásia produziu modestas 3 toneladas de borracha, comparadas às mais de 26 mil toneladas produzidas na Amazônia brasileira. No entanto, em 1913, a Malásia produziu impressionantes 47 mil toneladas, superando as 38 mil toneladas produzidas no Brasil. Esse foi o ano que marcou o fim do monopólio brasileiro na exportação de borracha.
As três décadas de produção de borracha antes do colapso do monopólio foram marcadas por uma verdadeira epopeia. Desde a chegada dos primeiros desbravadores até a formação dos seringais, a migração em massa de nordestinos em busca de trabalho nas plantações de seringueiras, o sistema de aviamento que estabeleceu relações complexas entre patrões e seringueiros, até os eventos que impulsionaram a produção asiática de borracha, tudo isso contribuiu para a ascensão e queda da produção de borracha no Acre.
Um dos aspectos mais fascinantes dessa história é a formação dos seringais acreanos a partir da segunda metade do século XIX, em um contexto de capital monopolista e imperialismo crescente. O Acre se tornou um centro de riqueza e prosperidade, atraindo pessoas de todo o Brasil em busca de oportunidades.
A mão de obra nordestina desempenhou um papel crucial na produção de borracha, substituindo em grande parte os trabalhadores indígenas. Milhares de nordestinos deixaram suas terras natais para se aventurarem na selva amazônica, impulsionados pelo atrativo da riqueza potencial.
O sistema de aviamento, que envolvia o fornecimento de produtos essenciais aos seringueiros em troca de borracha, criou um mecanismo de controle que perpetuou a exploração e a dependência dos trabalhadores.
No entanto, a ascensão da produção asiática e a quebra do monopólio brasileiro na exportação de borracha levaram ao declínio do Primeiro Ciclo da Borracha no Acre. A região enfrentou desafios econômicos significativos e uma mudança drástica em seu status econômico.
Hoje, a história do Primeiro Ciclo da Borracha no Acre, com destaque para Xapuri, é um testemunho das complexas interações entre economia, política e cultura que moldaram a região. A lembrança dessa época de prosperidade e declínio continua a influenciar a identidade e a história de Xapuri e de todo o Estado do Acre.
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