Em uma época de fome e dificuldade, uma menina nasceu em uma tribo indígena. Sua pele era incrivelmente branca, como a neve, e seus olhos eram brilhantes e cheios de vida. Mani era uma criança doce e carinhosa, e sua presença trazia alegria e esperança a todos que a conheciam.
No entanto, a alegria da tribo foi breve. Mani adoeceu e, apesar dos cuidados de todos, faleceu. A tribo ficou devastada, mas decidiu sepultar Mani em sua oca, para que sua memória nunca fosse esquecida.
As lágrimas dos membros da tribo regaram o túmulo de Mani, misturando dor e anseio à terra. Com o tempo, algo novo brotou do solo, um pequeno broto verde. A tribo ficou encantada com essa revelação, e cuidou da semente com todo o carinho.
Com o passar dos dias, o broto cresceu e se transformou em uma árvore frondosa. Um dia, a árvore rachou e, para surpresa de todos, revelou um fruto surpreendente. A casca do fruto era terrosa, mas, sob ela, havia uma carne de um tom rosado e, sob essa camada, uma carne branca.
A tribo ficou maravilhada. Eles sabiam que aquele fruto era um presente de Tupã, a divindade indígena. O fruto era um pão, e sua carne branca e macia representava a esperança que Mani havia trazido à tribo.
Muitos anos se passaram, e a tribo prosperou. No entanto, uma grande seca atingiu a região, e a tribo passou a enfrentar uma nova crise. A fome voltou, e os membros da tribo estavam desesperados.
Um dia, um caboclo encontrou um saco de raízes esquecido no leito do rio. O saco havia sido arrastado pela correnteza e ficado preso em um galho, onde havia passado três dias e três noites.
Apesar do cheiro desagradável, a fome falou mais alto. Os membros da tribo reconheceram as raízes como o pão que Mani havia trazido ao mundo. Eles sabiam que aquele pão era um símbolo de esperança, e que poderiam usá-lo para sobreviver à seca.
Os membros da tribo passaram a massa branca e macia por uma peneira, viram que o mingau era denso. Sem um tipiti à disposição, alguém decidiu espremê-lo em um pano. Eles pegaram os blocos daquela substância e os desfizeram novamente na peneira. Em seguida, espalharam a mistura sobre uma esteira e deixaram que o sol evaporasse a umidade.
Finalmente, eles tinham comida. O pão tinha um gosto bom, e os membros da tribo comeram com satisfação. Eles esperavam que todos morressem, agora sem a dor da fome. No entanto, eles recuperaram suas forças e viveram novamente, alimentados não apenas pelo pão, mas também pela resiliência que haviam aprendido a cultivar ao longo das gerações.
*Arte: "Puba", do artista plástico Rodrigo Garcia.
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