Dia 24 de
junho, dia de São João, é também comemorado o São João do Guarani. Guarani é
uma comunidade rural onde todos os anos romeiros fazem o trajeto – muitas vezes
a pé – para pagar suas promessas ao Santo da Floresta. Esse ano, devido a
pandemia do Coronavírus, a festividade está prejudicada – mas o blog História
Multimídia de Xapuri leva até você um pouco da beleza da crença e suas
peculiaridades:
O São João
do Guarani
Há tempos os
povos das florestas de Xapuri são conhecidos por sua fé, caracteriza por meio
de suas crenças nas mais diferentes forças da natureza e nos santos que tem sua
história entranhada no imaginário dos moradores da mata.
Um exemplo
bastante conhecido é São João do Guarani, que tem seu dia comemorado no mesmo
dia de São João bíblico, em 24 de junho.

O lugar é
simples, tem uma igreja, um cruzeiro e uma capela - casinha menor, uma espécie
de santuário, onde se veem diversas fotos e os peculiares artefatos – membros
humanos esculpidos em madeira: cabeça, perna, braço, símbolos das graças
alcançadas.
Antigamente
era comum as pessoas enfrentarem 12 horas de “cachorro no grito”, como dizem os
povos da comunidade, significando que o percurso era feito a pé – fator
primordial para cumprir as promessas feitas ao Santo João.
Hoje, com a
abertura dos ramais, o percurso já pode ser feito por meio de carro ou moto,
mas muitos ainda preferem enfrentar o martírio da caminhada ao lugar distante,
pois sentem pagar melhor a promessa.
Muitas são
as histórias que explicam a origem da devoção ao santo mas a mais conhecida – e
aceita pela população dali – é que tudo se iniciou quando um homem ficou
perdido na mata, por ter avistado uma cruz - seu objeto de medo - e, tentando
desviar-se não encontrou mais o caminho que pretendia percorrer. Em meio ao
desespero, o homem apelou por uma promessa, conseguindo sair dali.
O milagre,
seu primeiro, é atribuído a João, um Pernambucano que veio para o Acre atrás de
melhorar de vida, em épocas áureas do látex, encontrando aqui apenas a vida
difícil das matas do lugar.
João, que
morava na região do rio Iaco, no Seringal Recife, teria morrido às margens de
um varadouro localizado na Colocação Guarani que servia de passagem entre
Xapuri e o Iaco, de impaludismo (forma como chamavam a malária naquela época), por
volta de 1906.
Depois que o
homem que se perdeu contou a amigos sobre o suposto milagre, diversas graças
começaram a ser alcançadas – todas atribuídas a João.

Oficialmente,
um milagre, para ser reconhecido pela Igreja, necessita de prova científica
rigorosa – fato que impede que o santo seja reconhecido pelo Vaticano – o que
não impede que os devotos continuem a acreditar, firmar novas promessas, pagar
as que receberam graça e festejar a alma milagrosa do Guarani.
Hoje seus
devotos são numerosos e os 40 km de Xapuri, iniciados no Bairro Sibéria, do
outro lado do Rio Acre, são percorridos – a pé, cavalo, carro, moto – para
rezar e participar de vasta programação que conta com eventos como partidas de
futebol e festa no período da noite.
Obs.: Logo essa pandemia vai passar e romeiros e interressados
poderão voltar a visitar e participar das festividades do São João do guarani.
Fotos:
1 - Missa
noturna na Igreja de São João do Guarani - de Talita Oliveira;
2 -
Cruzeiro de São João do Guarani - Talita Oliveira;
3 -
Membros esculpidos em madeira, presentes na capela do lugar - Talita Oliveira;
4 - Time
de futebol no São João do Guarani, em junho de 2008 - Talita Oliveira.
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