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As Reservas Extrativistas

As Reservas Extrativistas e a criação das cooperativas foram as primeiras conquistas dos seringueiros. As conquistas são frutos desta luta, desse movimento organizado pelo Conselho Nacional de Seringueiros e pela consciência do pequeno seringueiro, em busca de melhores condições de vida e pela divulgação ao mundo inteiro, de suas lutas em defesa da Amazônia e dos povos da floresta.

A história das experiências sociais vividas pelos povos da floresta, no progresso dinâmico e dialético, mostra que os conflitos existentes historicamente entre em Xapuri, entre os seringalistas, seringueiros e fazendeiros, não são apenas um problema regional, são frutos de um projeto político muito desenvolvido pelo governo Militar na década de 60, que junto com o capital internacional objetivava transformar a Amazônia em uma grande fazenda efetivada a partir de implantação de empresas agropecuárias, desativando os seringais e divulgando no sul do país e no estrangeiro as riquezas existentes na Amazônia, atraindo desta forma, grandes investidores estrangeiros e brasileiros, proporcionando os conflitos pela posse da terra. De um lado, os seringueiros defendendo os seus meios de sobrevivência, como a terra e a floresta, do outro os fazendeiros desenvolvendo uma política predatória na Amazônia, de atendimento aos seus interesses, apoiados e financiados, muitas vezes, pelo próprio Estado, ocorrendo assim, a destruição da floresta e expulsão do seringueiros de suas localidades.

Intensificava-se na Amazônia o aumento acelerado de desmatamento da floresta, conseqüência da política governamental em nome do "progresso" abrindo as portas da Amazônia para os capitalistas estrangeiros e brasileiros.

Mas, a diminuição dos desmatamentos só foi possível graças às lutas travadas em defesa da floresta e da vida, pelos trabalhadores rurais do Acre lideradas por pessoas sérias e comprometidas com os interesses do seu povo e de sua classe.

Foi a partir dessa consciência, acarretada pelo aumento da miséria, violência e falta de oportunidade, nos seringais e colônias, que os trabalhadores rurais (boa parte já sindicalizados) começaram a reivindicar, através dos empates, Sindicatos, Partidos Políticos, os seus direitos, fortalecendo, desta forma, o combate a esta política que, em nome do "desenvolvimento", matavam e expulsava os colonos e seringueiros de suas terras.

E, foi com o reconhecimento nacional e internacional das formas de resistências dos seringueiros, do seu modo de vida, que intensificou-se ainda mais a fúria daqueles que tentavam silenciar o movimento, culminando com o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, no dia 22 de dezembro de 1988, a mando daqueles que pensavam: matando Chico Mendes, o movimento organizado no Acre acabaria.

Enganaram-se, a realidade social carrega consigo a essência contraditória das manifestações humanas. E a história nos mostra que a ânsia da liberdade, da justiça e da felicidade, é abordada nos diferentes aspectos de resistências dos seringueiros, fazendo valer suas propostas e objetivos, reivindicando, uma sociedade mais justa e igualitária.

Para esses combatentes, as lutas em defesa da floresta, significam também, a defesa da vida, não só do homem, mas, também dos outros animais que, para sobreviver necessitam da floresta viva, evidenciada de forma clara e coerente na proposta política dos seringueiros para a Amazônia.


Fonte Pesquisada:

*Dossiê Trabalhadores de Xapuri - Xapurys 2 - Alunos do Curso de História da UFAC em Xapuri - 1996;

Fotos:

*Foto 1 - RESEX - Seringal Floresta, Colocação Rio Branco - de Talita Oliveira;

*Croqui - Colocações da RESEX - de Miro Ribeiro Pereira e Mª Lourdes Ribeiro Pereira;

* Foto 2 - 'Louça suja com vista limpa da RESEX' - Colocação Boa Sorte - de Talita Oliveira.

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