
Nessa triste longa lista está Wilson Pinheiro, homem humilde, sindicalista, trabalhador da floresta, nascido no Amazonas mas morando no Acre desde muito cedo, era alto e tinha a pele queimada pelo sol escaldante dos homens guerreiros que mantinham nas mãos - e no corpo - a marca do trabalho incansável de extração do látex das terras amazônicas.
Na época era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, situado em um prédio simples, de frente para a igreja da cidade, onde contava com mais trabalho do que gente para cumpri-lo, sendo de extrema importância a aliança dos amigos, também seringueiros, que
Em meio a esse ambiente de trabalho - e fonte de vida - que representava a floresta tinham os "invasores", latifundiários que queriam arrancar do cenário acreano as árvores, tirando o meio de sustento dos seringueiros para transformar em pasto para gado.
Muitos foram os seringueiros, ribeirinhos e castanheiros que se uniram para empatar os desmandos que aconteciam no interior acriano. E poucos foram os homens que tomaram à frente, liderando centenas de seringueiros que desejavam o bem coletivo dos colhedores de seringa.
Um desses homens sem medo era Wilson Pinheiro, que apesar de jurado de morte por latifundiários permanecia com sua batalha diária, encontrando no Sindicato uma verdadeira fortaleza.
Mas conseguiram ultrapassar essa fortaleza. No dia 21 de julho de 1980, há 30 anos atrás, conversando com seus companheiros, dentro do querido Sindicato de Brasileia, virado contra a janela, folheando papéis, olhando vez ou outra a televisão, recebeu os tiros covardes em suas costas indefesas.
Foram quatro tiros que tiraram a vida do grande Wilson Pinheiro, o primeiro de vários outros grandes nomes do movimento em defesa da floresta e de seu povo.
Wilson Pinheiro defendeu o direito que os povos da floresta tinham à terra, sua mãe gentil, participando dos empates que defendiam as florestas das derrubadas, lutando juntamente com Chico Mendes - seu amigo, aprendiz e professor.
Pinheiro é um dos grandes nomes que merece ser lembrado pelos seus feitos heróicos e pela luta em defesa do direito à vida dos povos que necessitavam da floresta para trabalhar, viver e nos ensinar que não importam as adversidades ou ameaças todos podemos reagir para garantir o bem coletivo mesmo que isso signifique o usurpar de seu próprio direito de viver.
Fotos:
*1 - Wilson Pinheiro e sua filha Andréia (famosa foto, também encontrada reprodução no Museu do Xapury) - Acervo familiar;
*2 - Wilson Pinheiro - Acervo familiar.
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