Pular para o conteúdo principal

Roçados


-->
Depois da queda da borracha os seringueiros que continuaram na floresta passaram a abrir áreas para cultivo de culturas de subsistência. Os roçados e as roças são geralmente de tamanho pequeno de uma a cinco tarefas, às vezes podem chegar a dois ou mais hectares. São feitos geralmente perto das casas, mas alguns podem ficar distantes até duas horas de caminhada na mata.
As populações tradicionais de Xapuri, assim como colonos e ribeirinhos tem um calendário de atividades que segue os ciclos das águas.
No início do verão, brocam as matas, depois derrubam ou limpam as capoeiras existentes. No auge do verão, em agosto e setembro, queimam e preparam o solo para o plantio que se dá no início das chuvas. Durante o resto do ano se dividem nas atividades extrativistas, a coleta de castanha no inverno, e a coleta de látex no verão, assim como às outras atividades, como o trato do roçado e também da criação, como relatam os seringueiros da Princesinha, que brocam uma determinada área de sua colocação para colocar o roçado e só depois de seis anos essa área é brocada de novo.
Nos roçados tem de tudo um pouco, plantam feijão, arroz, macaxeira, banana, milho, cana, e hortaliças. Antigamente descascavam o arroz usando o pilão, mas hoje em dia usam a peladeira. Da macaxeira fazem farinha, alguns produzem só para consumo, mas outros costumam vender. Alguns fazem rapadura da cana. Alguns vendem o excedente da produção, outros só plantam para a alimentação.
Os roçados representam uma nova fonte de sobrevivência para os seringueiros que tiveram surrupiado seu sonho de melhores dias advindos do Ouro Negro da famosa Princesinha do Acre.

Fotos:
*1 - Feijão - Sítio 'iapar.br';
*2 - Milho - Cildo Aquino;
*3 - Roçado de Milho - Cildo Aquino;
*4 - Roçado de arroz - Sítio 'iapar.br'.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jacamim

O jacamim mora na floresta, costuma andar de bando com 10 a 15. É uma ave interessante, de cor branca com preto, tem o pescoço comprido, as pernas finas e grandes. Durante o dia anda no chão, porém à noite ele voa para uma árvore alta para dormir, pois assim se sente mais protegido. Ele gosta de esturrar de dia e à noite quando está na dormida. Corre muito na restinga e até no mato cerrado, como no esperaizal e no tabocal. Se alimenta de frutas de copaíba, guariúba, manitê, pama e itaúba; de insetos como formigas, aranhas e besouros, de embuá, minhocas da terra firme, mossorondongo e gongos. Além disso o jacamim ainda se alimenta de animais como a cobra, o sapo e o jabuti. A história do jacamim é quase idêntica à do queixada: por onde eles passam acabam com tudo o que tem pela frente. Apesar de ser um pássaro é muito perigoso para outros animais pequenos. Faz o ninho em paxiúba ou em pau ocado. Põe até 4 ou 5 ovos e sempre quem choca é o casal. Isso acontece no fim do verão. Qua

A vida nas famílias xapurienses (Período de 1940 – 1960)

Nas décadas de 1940 a 1960 as famílias xapurienses tinham seus valores centralizados na educação familiar, escolar e religiosa. A família era patriarcal, conservadora e tradicional. O pai representava a figura central, onde todos deviam temê-lo e obedecê-lo, fazendo aquilo que ele mandava e não o que ele fazia. A figura da mãe era vista como a “rainha do lar” onde tinha obrigações de cuidar bem dos filhos, marido e dos trabalhos domésticos. Cabia somente aos homens trabalhar “fora” e garantir o sustento da família. As mulheres desempenhavam sua função dentro do lar, pois, na vida pública, ainda não havia conquistado os seus espaços. Eram muitas vezes reprimidas de seus desejos, anseios, sonhos vivendo subjugadas às ordens de seus esposos. O pais é que escolhiam a “pessoa ideal” para casar com seus filhos, dependendo da classe social e da família em que estavam inseridos. A maioria dos casamentos se dava por interesse econômico entre ambas famílias. Os filhos, desde cedo, eram e

O Hino de Xapuri

O Hino de Xapuri tem como autor da letra, o cearense de Fortaleza, nascido em 02 de fevereiro de 1921 “Fernando de Castela Barroso de Almeida”, radicado no Acre em 1943. Trabalhou cortando seringa no Seringal Liberdade, no Alto Purus, escolhido para ser escrevente e redator de cartas do patrão, logo passa a ser gerente e anos depois mudar-se para Manuel Urbano. E logo em seguida fixa residência em Rio Branco. Escritor, poeta e jornalista, publicou as obras literárias Poesias Matutas e Poesias ao Deus Dará. Segundo o mestre Zuca, seu amigo, a letra do Hino de Xapuri foi escrita em Rio Branco-AC. A música do Hino de Xapuri foi instrumentalizada pelo mestre de música Sargento JOSÉ LÁZARO MONTEIRO NUNES, falecido na cidade de Rio Branco, em 07 de setembro de 1988, aos 59 anos de idade. Hino de Xapuri I Página viva da história acreana recebe o nosso afeto e gratidão reverente o teu povo se irmana neste hino que é hino e oração II Terra formosa, terra gentil És Princesa do Acr