Pular para o conteúdo principal

Mãe Recalcada

Choro, choro
sem derramar lágrimas,
pois estou sentindo a
ausência
do meus filhos.

Parece que eles esqueceram de mim.

Pari, pari
sim,
vários filhos;
alguns, até mesmo, ilustres,
mas estes me abandonaram.

Os mais humildes,
que permanecerem em meu
seio,
também não me afagam.
Não sei o porquê...

Velha não estou, disso tenho certeza; em relação a muitas, estou jovem.

Alguns lembram de mim,
em tempo de euforia.
Procuram me arrumar às
pressas,
querendo me dar um brilho,
que não brilha.

Pintam meus lábios,
mas não trocam minhas vestes
desgastadas pelo tempo.
Só fazem reparos
aqui, acolá
mas não chegam ao todo,
parece até
que vou entrar no bloco dos
sujos.

Tenho um nome, Como as outras mães, mas, também, tenho um apelido de que
me envergonho, quando me chamam.

Pois nunca fui, nem sou, e nem sei se um dia serei, depende
de minhas próximas gestações.

Talvez,
se me chamassem de bruxa,
ao invés de
"princesa"
me deixariam mais feliz,
pois este
é o meu semblante
atualmente.

(Esta mãe é Xapuri)

*Poesia de Maria Madalena Dutra de Souza, formada no Curso de Licenciatura Plena em História, pela UFAC – o texto é de maio de 1995;

*Foto - Xapuri na Visão de um 'Siberiano' - de Fábio Ferreira.

Comentários

Thony Christian disse…
Um outro papel importante desse projeto é resgatar história como um todo. Mãe recalcada é de 1995, se esto certo, mais ainda é superatual.
Fiquei muito descontente quando fui a última vez na Princesinha e o q encontrei foi um local abandonado pelas autoridades locais.
Espero que com a nova administração a coisa mude... para daqui alguns ano nos não continuemos a achar esse texto superatual.

Acordem xapurienses, sejam de fato guerreiros!
Thony Christian disse…
e a foto, caracteriza bem o mistério que o texto faz, no início.

Novamente parabéns (como um todo!)
Unknown disse…
Mãe Recalcada.
Textos sempre inspiradores. Oxalá que tudo melhore para a cidade de Xapuri.
Unknown disse…
blog recomendado!
Unknown disse…
Olá, amigos leitores od Blog História Multimídia de Xapuri,

agradecemos os acessos e comentários.

Vamos a algumas considerações e agradecimentos:

* O texto é de D. Maria Madalena Dutra de Souza, de 1995 e pode ser considerado atual por diversos motivos. Acreditamos que tudo vai melhorar daqui para a frente, não deixando que daqui a 10 anos ele continue atual, apesar de bonito;

* Agradecemos nosso fotógrafo Fábio Ferreira por ceder tão gentilmente sua foto, resultado de um brilhante olhar sobre a Princesinha do Acre;

* No geral, agradecemos cederem a utilização do texto, foto e a você que é nosso leitor.

Um abraço a todos!

Postagens mais visitadas deste blog

O jacamim

O jacamim mora na floresta, costuma andar de bando com 10 a 15. É uma ave interessante, de cor branca com preto, tem o pescoço comprido, as pernas finas e grandes. Durante o dia anda no chão, porém à noite ele voa para uma árvore alta para dormir, pois assim se sente mais protegido. Ele gosta de esturrar de dia e à noite quando está na dormida. Corre muito na restinga e até no mato cerrado, como no esperaizal e no tabocal. Se alimenta de frutas de copaíba, guariúba, manitê, pama e itaúba; de insetos como formigas, aranhas e besouros, de embuá, minhocas da terra firme, mossorondongo e gongos. Além disso o jacamim ainda se alimenta de animais como a cobra, o sapo e o jabuti. A história do jacamim é quase idêntica à do queixada: por onde eles passam acabam com tudo o que tem pela frente. Apesar de ser um pássaro é muito perigoso para outros animais pequenos. Faz o ninho em paxiúba ou em pau ocado. Põe até 4 ou 5 ovos e sempre quem choca é o casal. Isso acontece no fim do verão. Qua

A vida nas famílias xapurienses (Período de 1940 – 1960)

Nas décadas de 1940 a 1960 as famílias xapurienses tinham seus valores centralizados na educação familiar, escolar e religiosa. A família era patriarcal, conservadora e tradicional. O pai representava a figura central, onde todos deviam temê-lo e obedecê-lo, fazendo aquilo que ele mandava e não o que ele fazia. A figura da mãe era vista como a “rainha do lar” onde tinha obrigações de cuidar bem dos filhos, marido e dos trabalhos domésticos. Cabia somente aos homens trabalhar “fora” e garantir o sustento da família. As mulheres desempenhavam sua função dentro do lar, pois, na vida pública, ainda não havia conquistado os seus espaços. Eram muitas vezes reprimidas de seus desejos, anseios, sonhos vivendo subjugadas às ordens de seus esposos. O pais é que escolhiam a “pessoa ideal” para casar com seus filhos, dependendo da classe social e da família em que estavam inseridos. A maioria dos casamentos se dava por interesse econômico entre ambas famílias. Os filhos, desde cedo, eram e

O Hino de Xapuri

O Hino de Xapuri tem como autor da letra, o cearense de Fortaleza, nascido em 02 de fevereiro de 1921 “Fernando de Castela Barroso de Almeida”, radicado no Acre em 1943. Trabalhou cortando seringa no Seringal Liberdade, no Alto Purus, escolhido para ser escrevente e redator de cartas do patrão, logo passa a ser gerente e anos depois mudar-se para Manuel Urbano. E logo em seguida fixa residência em Rio Branco. Escritor, poeta e jornalista, publicou as obras literárias Poesias Matutas e Poesias ao Deus Dará. Segundo o mestre Zuca, seu amigo, a letra do Hino de Xapuri foi escrita em Rio Branco-AC. A música do Hino de Xapuri foi instrumentalizada pelo mestre de música Sargento JOSÉ LÁZARO MONTEIRO NUNES, falecido na cidade de Rio Branco, em 07 de setembro de 1988, aos 59 anos de idade. Hino de Xapuri I Página viva da história acreana recebe o nosso afeto e gratidão reverente o teu povo se irmana neste hino que é hino e oração II Terra formosa, terra gentil És Princesa do Acr