A cidade
guerreira. É assim que Xapuri poderia ser chamada. Até porque, também pudera,
seu nome advém de um povo por natureza belicoso, os Chapurys, tribo indígena
que feneceu nas mãos dos primeiros exploradores, mas não antes de deixar seu
legado: o nome do rio onde habitavam às margens e, consequentemente, o do
município que surgia entre rios e florestas – Xapuri significa 'rio antes' ou,
como muitos preferem, 'antes dos rios', dando um sentido mítico (e místico) ao
lugar.
É cidade guerreira porque é local de resistência que vai do período da Primeira Insurreição Acreana, passando pela Revolução Acreana, a prosperidade do comércio e exploração do seringueiro, declínio da borracha – sendo nessa época que ganhou o apelido de Princesinha do Acre por continuar produzindo e exportando, só que dessa vez suas brazilian nuts.
A cidade guerreira viu chegar portugueses, árabes, sírios, libaneses, turcos, nordestinos, sulistas e tantos outros filhos que, independente de suas histórias e objetivos, acalentou como a mãe gentil que sempre fora.
Xapuri viu a organização política dos trabalhadores da floresta e foi palco dos empates – luta dos seringueiros contra a tentativa dos fazendeiros de destruir seu meio de subsistência, a tão amada floresta, para fazer pasto para gado – e contemplou personagens que usavam como armas seu próprio corpo, sua coragem e sua esperança, gente que não temia ficar frente a frente aos homens que matavam com armas de fogo de verdade. Mas medo para quê? Afinal, tinham mais medo da morte lenta e dolorosa da fome assassina.
É cidade guerreira porque é local de resistência que vai do período da Primeira Insurreição Acreana, passando pela Revolução Acreana, a prosperidade do comércio e exploração do seringueiro, declínio da borracha – sendo nessa época que ganhou o apelido de Princesinha do Acre por continuar produzindo e exportando, só que dessa vez suas brazilian nuts.
A cidade guerreira viu chegar portugueses, árabes, sírios, libaneses, turcos, nordestinos, sulistas e tantos outros filhos que, independente de suas histórias e objetivos, acalentou como a mãe gentil que sempre fora.
Xapuri viu a organização política dos trabalhadores da floresta e foi palco dos empates – luta dos seringueiros contra a tentativa dos fazendeiros de destruir seu meio de subsistência, a tão amada floresta, para fazer pasto para gado – e contemplou personagens que usavam como armas seu próprio corpo, sua coragem e sua esperança, gente que não temia ficar frente a frente aos homens que matavam com armas de fogo de verdade. Mas medo para quê? Afinal, tinham mais medo da morte lenta e dolorosa da fome assassina.
Xapuri, a cidade guerreira, deu à luz a Chico Mendes, filho gentil que levou ao mundo a notícia que os povos da floresta amazônica, seus irmãos, estavam lutando para sobreviver.
E a mãe guerreira chorou quando muitos de seus filhos – inclusive o mesmo Chico que ao mundo sobre seus problemas alertou – feneceram sob a sanha de assassinos ambiciosos e cruéis.
Mesmo assim Xapuri se lembrou que é guerreira e que, como tal, sua luta jamais pode parar.
Ainda hoje Xapuri continua sendo a guerreira que sempre foi. E não é guerreira somente porque tem sua história marcada por constantes lutas. É guerreira, acima de tudo, porque tem um povo também guerreiro, que acredita – não perdendo as esperanças nunca – que a batalha diária pela vida não pode parar, pois dias melhores sempre virão.
Fotos:
*1 -
Visão da cidade de Xapuri, Rio Acre, década de 1910 - Acervo Fundação Oswaldo
Cruz;
*2 -
Ilustração - Guerreira Indígena – Blog História M de Xapuri.
(Repostado)
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