
Na manhã seguinte, todos enlouqueceram, menos o rei – que tinha um poço só para si e para a sua família, onde o feiticeiro não conseguiu entrar.
Preocupado, ele tentou controlar a população com uma série de medidas de segurança: mas os polícias e os inspetores tinham bebido a água envenenada, e acharam um absurdo as decisões do rei.
Aos gritos, foram até ao castelo e exigiram que renunciasse.
Desesperado, o rei prontificou-se a deixar o trono, mas a rainha impediu-o, dizendo:
“Vamos agora até à fonte e beberemos também. Assim, ficaremos iguais a eles.”
E assim foi feito: o rei e a rainha beberam a água da loucura, e começaram imediatamente a dizer coisas sem sentido.
Na mesma hora, os seus súbditos arrependeram-se: agora que o rei mostrava tanta sabedoria, porque não deixá-lo a governar o país?
O país continuou em paz, embora os seus habitantes se comportassem de maneira muito diferente da dos seus vizinhos.
E o rei pôde governar até ao final dos seus dias.
Do Livro de Paulo Coelho "Veronika decide morrer".
Ilustração: *Ben Krane.
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