
Em meio às vitórias conquistadas com tamanha dificuldade no campo das artes em Xapuri ainda batemos de encontro com o que não se espera: a destruição de nossos símbolos de sonhos.
É assim que nós, artistas de Xapuri – atores, músicos, dançarinos, contadores de histórias, pintores – nos sentimos ao saber que depois de tantas lutas para continuar fazendo nossa arte ainda sofremos com a falta de recursos que nos possibilite continuar, pelo menos, com nosso prédio em ruínas.
Acontece que no dia 29 de janeiro de 2011, em pleno sábado, e após termos sido finalistas do Programa Cultura Viva que premia iniciativas peculiares Brasil a fora, tivemos nosso prédio derrubado. Aquele mesmo prédio, que não tinha teto, nem portas, só as lembranças do tempo que servia de cárcere e, 6 anos mais tarde, transformado em instrumento de libertação da alma de artistas que queriam fazer um verdadeiro empate cultural – assim como Chico Mendes, no passado, ensinara seus conterrâneos a fazer.
A briga judicial entre Estado e o senhor que havia comprado o terreno vinha se arrastando por meses e em um momento de decisão favorável ao atual dono, antes que fosse recorrida a sentença, colocou o prédio no chão.
Ao passarmos por lá e ver as máquinas trabalhando na destruição do ícone de nossos sonhos surreais víamos em nosso coração a dor surgir, já que tudo parecia perdido.
Nossos planos com relação ao espaço – ambiente em degradação e desconstrução – não podem ser retomados, mas a arte continua viva, seja nas praças, em outros espaços (em ruínas ou não), pois as asas artísticas permeiam as dificuldades físicas da vida.
Os projetos, apresentações, oficinas e planos continuam. O ruim é ver que mesmo 5 meses após a derrubada do prédio nada foi feito no local, permanecendo apenas os destroços de um lugar mágico ou, como dizíamos, surreal.
*Cleilson Alves é atual coordenador do Grupo Arte na Ruína.
Foto:
1 - Prédio recém derrubado – por Cleilson Alves;
2 - Arte na Ruína antes - por Deborah Mangrich
Comentários
Embora não tenha tido a oportunidade de visitar a ruína fica claro que representava muito pro grupo e sem dúvida, está muito além de qualquer pretensa substituição. Mas a respeito de espaços, vocês já pensaram naquele prédio onde antigamente funcionava a LBA, na Rua Dr. Batista de Morais?
muito obrigado pelas palavras, realmente temos feito um grande esforço para continuar fazendo arte em Xapuri.
E sobre o prédio do LBA está ocupado com uma secretaria municipal.
Assim, estamos procurando espaço. Um abraço.