Por Clenes Alves
Dallyanna Lima não chegou a ver o seu filho, nem um simples olhar, as dores e a falta de consciência - quase todo o tempo seguido do parto - fez com que uma verdadeira agonia passasse a habitar nos corações de seus parentes e amigos que acompanhavam de perto, mas sem poder fazer nada naquele caso nebuloso.

Esse é mais um ano em que essa data me é muito triste e bem que poderia ser apagada - mas mesmo que fosse não apagaria os acontecimentos tristes que culminaram por transformar tal dia em um dos mais trágicos de minha vida.
Hoje é o dia em que perdi uma pessoa muito especial chamada Dallynna Lima. quer dizer, já se passaram 4 anos, mas parece que foi ontem, pois os sentimentos de tristeza ainda permanecem.
Mas, como alguém me falou que deveria fazer, posto agora um pouco de quem foi essa estrela tão
iluminada:

Dallyanna Lima nasceu em Xapuri, em 16 de dezembro de 1987, no Seringal Floresta, colocação Gafanhoto, onde viveu até os seus 13/14 anos, vindo para a cidade estudar. Aqui conheceu o teatro e se apaixonou pela arte, fazendo trabalhos com o Grupo Poronga e a Cia. Garatuja (esta última, de Rio Branco). Participou de alguns festivais (FESTAC e Festival Brasileense de Teatro), inclusive levando o prêmio de melhor atriz coadjuvante em um deles.
Nesse enredo artístico também era contadora de histórias, por vezes diretora e até escreveu muitos dos textos que apresentava (um deles circulando alguns municípios do Acre, adentrando Bolívia e também Peru).
Nesse meio tempo casou-se, mesmo muito jovem, tendo de regrar um pouco de sua vida artística porque o marido 'não deixava' - veio a se separar após a violência doméstica que sofria, sendo que a última a mandou com ferimentos graves para o hospital.
Para fugir da vida de violência chegou a passar quase um ano no Rio de Janeiro e até fez alguns testes para a televisão, mas foi na gravidez que consiguiu ser chamada para um atuar nas telinhas brasileiras, mas não sabia que nunca chegaria de fato a gravar.
Em Xapuri, quando veio passar algumas semanas, se apaixonou e acabou ficando. Como toda mulher moderna ela mesma pedira o namorado em casamento (ou namorido, como gostava de chamar).
Quando descobriu a gravidez logo se apaixonou pelo menino que estava por vir - estranhamente, Dallyanna sabia desde o início, mesmo antes de ser posível ver pelas ultrassonografias, que seria um bebê do sexo masculino.
Mas, como toda estrela, Dallyanna foi brilhar mais longe, no alto, após o mal-sucedido procedimento de parto que culminou em sua morte, no dia 28 de dezembro de 2006.

Seus amigos verdadeiramente a amam e por isso mesmo ela é lembrada em todos os lugares, principalmente nas apresentações teatrais, em que todas, ao final, são dedicadas a ela.
Dally partiu, mas deixou um filho lindo, uma família que a a adora e amigos que sabem que seu laço é mais forte que tudo - até mesmo que a própria morte.
Assim, só me resta dizer dizer que o amor que nos une é tão grande que por mais que compreenda que a morte é apenas um continuação da vida não consigo entender porque pessoas tão especiais vão embora enquanto o mundo permanece povoado de vivos monstruosos.
Dallyanna, eternamente Dallyanna, como diz o poeta: 'o amor é infinito'.
Fotos:
*1 - Dallyanna Lima em circulação de espetáculo no Peru - Por Clenes Alves;
*2 - Dallyanna Lima em Senador Guiomar onde apresentava o espetáculo Chapurys (Grupo Poronga em parceria com a Cia. Garatuja) - Por Hédson Uchoa;
*3 - Dallyanna com os amigos Clenes Alves e Mayra Souza - Por Cildo Aquino.
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