Pular para o conteúdo principal

Arquitetura: Construções na Cidade do Xapury

No início da história xapuriense, quando os primeiros exploradores aqui chegaram, encontrando apenas os nativos, as construções passaram, basicamente, por três situações distintas e ao mesmo tempo complementares: a arquitetura dos primeiros seringais, a arquitetura importada pré-fabricada e por fim a arquitetura em madeira resultante das experiências com as duas anteriores que podemos chamar de cabocla por sua evidente base cultural.

Na arquitetura dos primeiros seringais, João Damasceno Girão, um dos primeiros pioneiros a ocupar o espaço natural de Xapuri provavelmente se deparou com a dificuldade inicial de “como construir”, “com o que construir” “com quem construir”. A palha e a madeira eram disponíveis em abundância. Havia o índio que entendia da região e sabia como armar sua pousada e o tapiri foi então erguido sobre essas bases – mais tarde se tornando moradia para o seringueiro, adaptando novas e eficientes matérias-primas da natureza, movido pela necessidade de sobrevivência.

A arquitetura importada pré-fabricada, presente no início do século XX, era resultante da febre local pela suposta 'superioridade' cultural européia e sua luxuosidade. Aqui as moradias urbanas ganhavam novo colorido dos pré-fabricados chalés importados da Europa em conformidade com os manuais de instrução. As varandas laterais, os detalhes ogivais nas bandeirolas das esquadrias, as proteções dos beirais adornadas em lambrequins e os vidros coloridos trouxeram o romantismo arquitetônico, tão adequado à Princesinha que reinava por meio de seus “palacetes”.

A arquitetura cabocla era uma adaptação do moderno ao tradicional, construída por mão de obra local, misturando os modelos importados ao conhecimento e cultura do seringueiro – adornos e vitrais foram substituídos, os telhados passaram a utilizar as 'folhas de zinco' (mais tarde, ainda, praticamente substituídas pelas telhas de amianto), expressando o novo status econômico e social.

Ao caminharmos hoje pelas ruas e bairros da Princesinha nos deparamos apenas com os resquícios pouco ou muito delineados das construções, por assim dizer, caboclas, num misto que representa bem mais que a arquitetura do local, mas sua própria identidade.


Fontes pesquisadas:
*Madeira que cupim não rói – de Ana Lúcia Costa;
*Inventário de Referências Culturais de Xapuri – autores diversos.

Fotos:
1 – Tapiri – Moradia seringueira – Ilustração Charel;
2 – Arquitetura Pré-fabricada – Residência, Rua Cel. Brandão, Centro – de Ana Lúcia Costa;
3 – Casa Cabocla – Residência da Sra. Maria Cosson – de Dhárcules Pinheiro.

Comentários

Unknown disse…
Oi,

olha eu aqui de novo!
esses três dias eu olhava sempre tentando ver mais e mais novidades.
Já que agora vi fiquei perplexa outra vez. Quer dizer que até as casas de Xapuri tem história? Resgatar a história de modo bem amplo deve ser algo difícil de se fazer.
Parabéns, gente!
Bjin e estarei por aqui sempre!

Danny
Unknown disse…
Conheço a Kátia (Caticilene), o Clenes (inclusive já tive o prazer de trabalhar com tal profissional, com quem aprendi muito) e também a Rivângela. Sei que a história contada por esses profissionais de alto escalão está em boas mãos.
Isso fica evidente ao lermos os textos, contemplarmos as imagens e ver o alto nível de acessos ao endereço eletrônico.
Quero dar os parabéns e, em noem do Grupo de Teatro Poronga, nos colocamos à disposição para o que for necessário.

Um abraço forte, pessoal! e sigam em frente.
Anônimo disse…
Boa noite,

tive conhecimento desse site por meio de uma comunidade que falava do Acre e estavam debatendo. Algém indicou ela porque fala de Xapuri, a terra de Chico Mendes, meu ídolo.
Estou esperando ansiosamente pela postagem que fala do rei seringueiro.
Vou estar sempre por aqui!
Parabés pela idéia.

Xistos Peixoto
São Paulo/SP
Anônimo disse…
´Tenho uma pergunta.
Ainda não conheço a famosa Xapuri, mas pretendo ir na semana Chico Mendes, em dezembro próximo. Minha pergunta é se todas as casas, que se enquadram no padrão 'caboclas' são chiques como as da foto? Se for, a mistura fez bem!

Xistos Peixoto/SP
Anônimo disse…
As casas de Xapuri são muito bonitas.
Gostei do blog.

Beijos.
Thony Christian disse…
Oi,
acredito que essa parte do texto "Ao caminharmos hoje pelas ruas e bairros da Princesinha nos deparamos apenas com os resquícios pouco ou muito delineados das construções, por assim dizer, caboclas, num misto que representa bem mais que a arquitetura do local, mas sua própria identidade" expressa bem o q sinto e vejo quando visito Xapuri.

Permaneço por aq!
Unknown disse…
Olá, amigos leitores do Blog História Multimídia de Xapuri,

novamente juntos no espaço do blog, agradecemos os acessos que não param de aumentar.

Respondendo às perguntas:

* Sobre todas as casas de Xapuri ter história: na verdade, cada povo tem sua história, que está impregnada nas casas, nas pessoas, nas árvores e até mesmo nas pedras das ruas. Então, todas as casas de Xapuri, assim como tudo que aqui há, tem sua história;

* Sobre todas as casas caboclas de Xapuri serem "chiques": As casas de Xapuri tem muito essa mesclagem de modelos e modelagens, com a participação do conhecimento seringueiro, mas, é evidente, como em qualquer lugar do planeta, nem todas as casas são chiques, pois o mundo capitalista impõe algumas barreiras econômicas que desfavorece alguns. Assim, algumas casas são mais simples, outras ainda mais sofisticadas.

Agradecemos os contatos.

Postagens mais visitadas deste blog

O jacamim

O jacamim mora na floresta, costuma andar de bando com 10 a 15. É uma ave interessante, de cor branca com preto, tem o pescoço comprido, as pernas finas e grandes. Durante o dia anda no chão, porém à noite ele voa para uma árvore alta para dormir, pois assim se sente mais protegido. Ele gosta de esturrar de dia e à noite quando está na dormida. Corre muito na restinga e até no mato cerrado, como no esperaizal e no tabocal. Se alimenta de frutas de copaíba, guariúba, manitê, pama e itaúba; de insetos como formigas, aranhas e besouros, de embuá, minhocas da terra firme, mossorondongo e gongos. Além disso o jacamim ainda se alimenta de animais como a cobra, o sapo e o jabuti. A história do jacamim é quase idêntica à do queixada: por onde eles passam acabam com tudo o que tem pela frente. Apesar de ser um pássaro é muito perigoso para outros animais pequenos. Faz o ninho em paxiúba ou em pau ocado. Põe até 4 ou 5 ovos e sempre quem choca é o casal. Isso acontece no fim do verão. Qua

A vida nas famílias xapurienses (Período de 1940 – 1960)

Nas décadas de 1940 a 1960 as famílias xapurienses tinham seus valores centralizados na educação familiar, escolar e religiosa. A família era patriarcal, conservadora e tradicional. O pai representava a figura central, onde todos deviam temê-lo e obedecê-lo, fazendo aquilo que ele mandava e não o que ele fazia. A figura da mãe era vista como a “rainha do lar” onde tinha obrigações de cuidar bem dos filhos, marido e dos trabalhos domésticos. Cabia somente aos homens trabalhar “fora” e garantir o sustento da família. As mulheres desempenhavam sua função dentro do lar, pois, na vida pública, ainda não havia conquistado os seus espaços. Eram muitas vezes reprimidas de seus desejos, anseios, sonhos vivendo subjugadas às ordens de seus esposos. O pais é que escolhiam a “pessoa ideal” para casar com seus filhos, dependendo da classe social e da família em que estavam inseridos. A maioria dos casamentos se dava por interesse econômico entre ambas famílias. Os filhos, desde cedo, eram e

O Hino de Xapuri

O Hino de Xapuri tem como autor da letra, o cearense de Fortaleza, nascido em 02 de fevereiro de 1921 “Fernando de Castela Barroso de Almeida”, radicado no Acre em 1943. Trabalhou cortando seringa no Seringal Liberdade, no Alto Purus, escolhido para ser escrevente e redator de cartas do patrão, logo passa a ser gerente e anos depois mudar-se para Manuel Urbano. E logo em seguida fixa residência em Rio Branco. Escritor, poeta e jornalista, publicou as obras literárias Poesias Matutas e Poesias ao Deus Dará. Segundo o mestre Zuca, seu amigo, a letra do Hino de Xapuri foi escrita em Rio Branco-AC. A música do Hino de Xapuri foi instrumentalizada pelo mestre de música Sargento JOSÉ LÁZARO MONTEIRO NUNES, falecido na cidade de Rio Branco, em 07 de setembro de 1988, aos 59 anos de idade. Hino de Xapuri I Página viva da história acreana recebe o nosso afeto e gratidão reverente o teu povo se irmana neste hino que é hino e oração II Terra formosa, terra gentil És Princesa do Acr